Parlamentares, especialistas, cicloativistas e representantes da Prefeitura de Belo Horizonte se reuniram nesta quinta-feira (12) em audiência pública na Câmara Municipal para discutir o futuro da ciclovia na Avenida Afonso Pena, cuja obra está paralisada desde abril de 2024.
A suspensão da obra ocorreu após questionamentos do Ministério Público e reclamações de motoristas e comerciantes locais, informa o texto do requerimento da audiência, apresentado pelo vereador Wagner Ferreira (PV), que presidiu a audiência, ao lado de Helton Junior (PSD) e Luiza Dulci (PT).
A reunião foi marcada por depoimentos e relatos emocionantes dos presentes, que inclusive lembraram as iniciativas do falecido prefeito Fuad Noman em favor da ciclovia. Além disso, muita informação técnica, dados e filmagens demonstraram a viabilidade da ciclovia e seus benefícios à mobilidade urbana na capital mineira.
Ao final, o presidente da reunião se comprometeu a encaminhar o registro da audiência pública ao processo judicial. E a principal decisão foi se responsabilizar por marcar uma reunião com o prefeito Álvaro Damião (União Brasil) e os cicloativistas, para informá-lo acerca dos argumentos em favor do projeto, além de colocá-lo a par das demandas dos ciclistas, como uma real integração das ciclovias e medidas que dêem segurança para pedalar nas ruas da capital.
Ciclovia na Afonso Pena
"A ciclovia ali vai retirar menos de 1,6% de espaço dos carros...", garantiu Cristiano Scarpelli, do grupo Ciclo Rota BH, baseado em estudos que vem realizando à exaustão desde que a obra foi suspensa. Ele demonstrou, por exemplo, em centenas de horas de filmagens na avenida, que o trânsito não será impactado, e seguirá fluindo normalmente, inclusive nos horários de pico.
As mesmas filmagens que fez serviram para revelar o potencial de ocupação dessa ciclovia, conta Cristiano, pois contagens de ciclistas preliminares já permitem estimar que até 1.000 viagens de bicicleta já vêm sendo realizadas na Afonso Pena diariamente, mesmo sem a implantação da infraestrutura. Com a ciclovia, calcula o ciclista, esse número poderia até triplicar.
Outra ativista, Juliane Rocha, do Bike de Elite, apontou as fragilidades jurídicas dos questionamentos feitos pelo Ministério Público à obra na época, e lembrou que a ciclovia da Afonso Pena consta inclusive do Plano Diretor de Belo Horizonte, que prevê 400 km de ciclovias e foi elaborado com participação da sociedade civil.
Quanto a uma maior segurança que a ciclovia poderia oferecer aos usuários de bicicleta, Vanessa Macedo, do grupo Giro Rua, pontuou que pedalar em Belo Horizonte hoje é um ato de coragem. Destacou ainda que, na sua opinião, o ciclismo é uma forma de exercer o direito de ir e vir, garantido aos cidadãos.
Também Liliana Hermont, diretora de Planejamento Estratégico e Inovação da Superintendência de Mobilidade (Sumob) da Prefeitura, defendeu que a implantação de infraestruturas específicas para pedestres e ciclistas é o único caminho para criar condições de segurança às pessoas de transitar. "Então, nos preocupa a interrupção da implantação da rede cicloviária nesse sentido”, declarou Liliana.
A fragmentação da malha cicloviária foi citada por diversos participantes. Para Vinicius Mundim, do grupo Inconfidentes Pedalantes, a capital mineira ainda não possui uma estrutura para bicicletas totalmente organizada e interligada, e há muitas “áreas vazias” no mapa. Desse modo, ele conclui que fazendo a ciclovia na “avenida mais famosa da cidade”, "ganha-se força para conseguir outros espaços similares nas vias que mais precisam."
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